sexta-feira, 11 de julho de 2014

Lá vem a baiana...

Cheguei na Bahia há 3 dias e já estou contaminada pelo perfume do dendê espalhado pelas ruas da cidade de Salvador entre morenas charmosas e trabalhadores alegres.
Ao chegar eu fui conhecer o bairro de Vilas do Atlântico, que fica próximo ao aeroporto, fiquei hospedada na casa de um colega chef também que tem o restaurante Varandas, muito charmoso de comida impecavelmente saborosa, amorosa e calorosa!
Na tarde do dia 07/06, a mesma data de minha chegada tive uma grande aula de cozinha baiana sentada a beira de um boteco  pé na areia ouvindo um quarteto formado por: um baiano, um minero, um carioca e um paulista em que me contaram todas as suas experiências gastronômicas na Bahia desde quando se mudaram para Bahia entre 2002 e 2004.  Na mesa todos tinham idade superior a 50 anos e eu no auge dos meus 31 sentada a mesa me sentindo lisonjeada ouvindo cada conto pacientemente.
baianaCada um daqueles senhores tem sua justificativa e história em abandonar sua zona de conforto para vir morar em Salvador. Um amor, um trabalho, qualidade de vida na Bahia foi o sonho que “compraram” e que hoje enchem a boca para dizer “essa semana vim a praia todos os dias, só não vim na segunda-feira”! Sentam-se na mesma mesa do mesmo bar e tomam a mesma cerveja… e daí eles reclamam que o CD da música é sempre o mesmo! E engraçado que esse bar chama-se Buraco da Véia, que nome feio, mas calma lá o cardápio explica:
“No início, o loteamento de Vilas do Atlântico era muito pouco frequentado e as praias não possuíam nomes. Todos significavam Vilas.
Havia uma praia especial onde, na maré baixa, formavam-se poças com água cristalina e muito calma. Esta era a preferida das senhoras de idade que ali costumavam reunir-se para tomar banho de mar e ficar naquele tradicional bate-papo.
Com o passar do tempo veio a necessidade de identificação das praias para que se pudesse marcar encontros. Dessa forma, os encontros nessa praia combinavam-se assim:
“… vamos marcar lá naquela praia onde tem as pocinhas que as velhas ficam tomando banho…”, “…lá na praia das velhas… Na praia do buraco das velhas…”
Daí então “Buraco da Véia” “
E foi nesta tarde sentada no Buraco da Véia que percebi a riqueza e grandiosidade da cultura gastronômica da Bahia. Um dos senhores era baiano e fez questão de me contar histórias centenárias da cozinha baiana e os outros ao redor dele não eram menos conhecedores do assunto, todos falavam de receitas e cozinha com a naturalidade de um baiano, nestes 10-12 anos aprenderam muito sobre cozinha. Quando lhes perguntei se eles cozinhavam obtive um “não” de 3 dos 4 colegas.
E daí eu me pergunto como não chamar a Bahia de berço da gastronomia brasileira? Em que outra capital do mundo sentaria-se a mesa com senhores de 50-55 anos que falassem sobre a cozinha local? Tento transpor a cena para São Paulo, 4 senhores engravatados sentados em um bar na Vila Olímpia falando de negócios, futebol, cerveja, mulher, qualquer outro assunto que não fosse cozinha, ainda que tivesse uma chef sentada a mesa, talvez o assunto fosse o mercado gastronômico no Brasil e jamais uma lista de dicas e receitas locais. Talvez no Rio de Janeiro se encontrasse um cenário parecido, ainda na praia com as mesmas vestimentas sentadas ao calçadão do Leblon mas certamente o assunto carioca passaria longe das cozinhas… Assim hoje me sinto feliz e honrada de ter no Brasil uma capital de um estado com tamanha riqueza cultural que hoje é uma das cidades sedes da Copa do Mundo 2014.
Salvador de encantos e encontros e terra de todos os Santos… meus colegas naquela tarde me fizeram provar o famoso acarajé da Carla, uma baiana muito charmosa… E assim eu troquei umas figurinhas também com a Carla sobre a produção do maravilhoso famoso bolinho baiano: o acarajé!
acaraje
Ingredientes:
500g de feijão fradinho
2 cebolas raladas
Sal
1 litro de azeite de dendê

Modo de preparo:
1-    Deixe o feijão de molho por 12 horas, retire sua casca e escorra;
2-    Bata no liquidificador o feijão hidratado até formar uma pasta, transfira para uma bacia, adicione cebola ralada e sal a gosto bata até que a massa dobre de tamanho. As baianas batem com colher de pau mas na batedeira tem o mesmo efeito: arear a massa; 
3- Em uma panela aqueça o azeite de dendê e com a colher coloque a massa para fritar. Retire quando os bolinhos estiverem dourados. (gosto de fazer mini acarajés, uso uma colher de sopa como molde para os bolinhos, ficam lindos!)

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